O governo acabou e finge que não
Político em campanha é capaz de tudo – até de falar a verdade. Foi o que fez, ontem, em Washington, à distância segura do governo, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.
Disse o que o presidente Michel Temer e todos que o cercam estão cansados de saber, mas não ganhariam nada em admitir. Maia afirmou que dificilmente a reforma da Previdência será votada já.
Valeu-se do advérbio por delicadeza, não por prudência. Mesmo assim, o que disse foi a última pá de cal numa reforma destinada a ficar para o presidente a ser eleito em outubro.
Diante da reação azeda do governo às suas palavras, justificou-se depois: “Eu não fiz discurso pessimista, mas não posso mentir. Já tem muito político mentiroso no Brasil”.
Temer forçou a mão para aprovar a reforma da Previdência da Câmara em dezembro passado – não conseguiu. Por dever de ofício, força a mão para votá-la em 19 do próximo mês.
Tanto quanto Maia sabe que não contara com votos para isso. Mas ao contrário de Maia, sente-se obrigado a acreditar no que deseja. O contrário seria reconhecer que seu governo acabou antes do tempo.
Na verdade acabou quando a Câmara livrou-o da segunda denúncia de corrupção. Acabou como tantos governos que esgotam sua capacidade de fazer e de acontecer antes da data marcada.
O de José Sarney arrastou-se como um cadáver nos seus dois últimos anos. Graças ao Plano Real, o de Itamar Franco durou até às vésperas da eleição de Fernando Henrique Cardoso.
Para efeito cinematográfico, o de Fernando Henrique só acabou quando ele passou a faixa presidencial para um ex-operário. O segundo governo de Dilma acabou antes do fim do impeachment.
O cafezinho servido a Temer está frio.
Veja
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