A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo solicitou o arquivamento do inquérito que apurava o envolvimento de dois delegados da Polícia Civil e do deputado estadual Delegado Olim em suposto esquema criminoso, revelado na delação do ex-integrante do PCC Vinícius Gritzbach, assassinado em novembro de 2024.
Durante colaboração firmada com o Ministério Público, Gritzbach declarou ter destinado R$ 5 milhões ao advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves, sendo R$ 800 mil como honorários e o restante, segundo ele, repassado como suborno. O advogado teria alegado proximidade com autoridades como Fábio Pinheiro Lopes, então diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Murillo Roque, responsável pelo 24º Distrito Policial da Ponte Rasa, além do próprio Delegado Olim.
De acordo com o MP, os pagamentos tinham como objetivo recuperar o passaporte de Gritzbach, desbloquear bens que estavam retidos pela Justiça e suspender uma apuração contra ele. No entanto, o parecer do procurador aponta “inexistência de indícios” que comprovem qualquer participação direta dos mencionados nas acusações feitas por Gritzbach, justificando assim o pedido de arquivamento.
O procurador de Justiça Sérgio Turra, responsável pelo parecer, também determinou o encaminhamento dos elementos coletados sobre investigados sem foro privilegiado ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), para que sejam adotadas as medidas cabíveis.
Execução de Gritzbach e contexto do crime
Vinícius Gritzbach foi executado em 8 de novembro de 2024, nas imediações do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. O empresário foi atacado por cinco suspeitos que desceram de um veículo preto e efetuaram vários disparos.
Câmeras de segurança do aeroporto captaram o momento em que dois indivíduos se aproximam da área de embarque, enquanto Gritzbach tentava entrar em um automóvel. Ao notar a ação, o delator tentou fugir saltando uma mureta, mas foi atingido por diversos tiros.
As investigações apontam que o assassinato foi motivado por represália ao envolvimento de Gritzbach nas mortes de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Segundo os autos, a ordem de execução teria partido de Emílio Carlos Gongorra, apelidado de “Cigarreira”, e Diego Amaral, o Didi – ambos ligados a Cara Preta e apontados como os mandantes do crime.
Ao final do inquérito, oito pessoas foram indiciadas, sendo seis pelo homicídio de Gritzbach e duas por favorecimento pessoal. Confira abaixo os nomes:
Indiciados por favorecimento pessoal:
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Matheus Soares Brito
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Tiago da Silva Ramos
Indiciados por homicídio:
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Emílio Carlos Gongorra, o “Cigarreira”
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Diego Amaral, o Didi
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Kauê Amaral
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Cabo Denis Antônio Martins
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Tenente Fernando Genauro
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Soldado Ruan Silva Rodrigues
DELEGADOS
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